segunda-feira, dezembro 14, 2009

Até a eternidade

"Esta será uma noite que eu nunca vou esquecer..."
"Misto entre sonho e realidade."

Não vou dizer mais nada. Foi nossa, e para sempre apenas nossa será.

E de ninguém mais...

domingo, dezembro 13, 2009

Vontades

Às vezes eu simplesmente sinto vontade

de andar, de correr e de tomar chuva,
de voar, de cair e de pular corda,
de pensar, de sumir, de não ter razão,
de chutar, de socar, de ser sem noção,

de cantar, escrever, ver uma pintura,
de reler um bom livro, ver uma escultura,
de parar, te olhar, de pegar sua mão,
de abraçar, te guardar no meu coração,

de deitar, levantar, fazer travessura,
de pular, me esfolar, ser essa loucura,
de mirar as estrelas, ou é ilusão?
De te ver, te querer, sentir essa paixão.

terça-feira, dezembro 08, 2009

As cidades invisíveis ³

AS CIDADES E O NOME 5
"Irene é a cidade que se vê na extremidade do planalto na hora em que as suas luzes se acendem e permitem distinguir no horizonte, quando o ar está límpido, o núcleo do povoado: os lugares onde há maior concentração de janelas, onde a cidade rareia em vielas mal iluminadas, onde se acumulam sombras de jardins, onde se erguem torres com fogos de artifício; e, se o entardecer é brumoso, uma claridade anuviada infla-se como uma esponja leitosa aos pés da enseada.
Os viajantes do planalto, os pastores que transumam os armentos, os passarinheiros que vigiam as redes, os eremitas que colhem raízes, todos olham para baixo e falam de Irene. Às vezes, o vento traz uma música de bumbos e trompas, o crepitar de morteiros na iluminação de uma festa; às vezes, o alarido da metralhadora, a explosão de um paiol de pólvora no céu amarelado dos incêndios ateados durante a guerra civil. Os que olham lá de cima fazem conjeturas sobre o que está acontecendo na cidade, perguntam-se se encontrar-se em Irene naquela tarde seria bom ou ruim. Não que tenham intenção de ir - e, de qualquer modo, as estradas que descem ao vale são ruins -, mas Irene magnetiza olhares e pensamentos de quem está lá no alto.
A esta altura, Kublai Khan espera que Marco diga como é Irene vista de dentro. E Marco não pode fazê-lo: não conseguiu saber qual é a cidade que os moradores do planalto chamam de Irene; por outro lado, não importa: vista de dentro, seria uma outra cidade; Irene é o nome de uma cidade distante que muda à medida que se aproxima dela.
A cidade de quem passa sem entrar é uma; é outra para quem é aprisionado e não sai mais dali; uma é a cidade à qual se chega pela primeira vez, outra é a que se abandona para nunca mais retornar; cada uma merece um nome diferente; talvez eu já tenha falado de Irene sob outros nomes; talvez eu só tenha falado de Irene."
Italo Calvino

segunda-feira, dezembro 07, 2009

As cidades invisíveis ²

AS CIDADES E AS TROCAS 2
"Em Cloé, cidade grande, as pessoas que passam pelas ruas não se reconhecem. Quando se vêem, imaginam mil coisas a respeito umas das outras, os encontros que poderiam ocorrer entre elas, as conversas, as surpresas, as carícias, as mordidas. Mas ninguém se cumprimenta, os olhares se cruzam por um segundo e depois se desviam, procuram outros olhares, não se fixam.
Passa uma moça balançando uma sombrinha apoiada no ombro, e um pouco das ancas, também. Passa uma mulher vestida de preto que demonstra toda a sua idade, com os olhos inquietos debaixo do véu e os lábios tremulantes. Passa um gigante tatuado; um homem jovem com os cabelos brancos; uma anã; duas gêmeas vestidas de coral. Corre alguma coisa entre eles, uma troca de olhares como se fossem linhas que ligam uma figura à outra e desenham flechas, estrelas, triângulos, até esgotar num instante todas as combinações possíveis, e outras personagens entrem em cena: um cego com um guepardo na coleira, uma cortesã com um leque de penas de avestruz, um efebo, uma mulher-canhão. Assim, entre aqueles que por acaso procuram abrigo da chuva sob o pórtico, ou aglomeram-se sob uma tenda do bazar, ou param para ouvir a banda na praça, consumam-se encontros, seduções, abraços, orgias, sem que se troque uma palavra, sem que se toque um dedo, quase sem levantar os olhos.
Existe uma contínua vibração luxuriosa em Cloé, a mais casta das cidades. Se os homens e as mulheres começassem a viver os seus sonhos efêmeros, todos os fantasmas se tornariam reais e começaria uma história de perseguições, de ficções, de desentendimentos, de choques, de opressões, e o carrosel das fantasias teria fim."
Italo Calvino

As cidades invisíveis ¹

AS CIDADES E A MEMÓRIA 5
"Em Maurília, o viajante é convidado a visitar a cidade ao mesmo tempo em que observa uns velhos cartões-postais ilustrados que mostram como esta havia sido: a praça idêntica mas com uma galinha no lugar da estação de ônibus, o coreto no lugar do viaduto, duas moças com sombrinhas brancas no lugar da fábrica de explosivos. Para não decepcionar os habitantes, é necessário que o viajante louve a cidade dos cartões-postais e prefira-a à atual, tomando cuidado, porém, em conter seu pesar em relação às mudanças nos limites de regras bem precisas: reconhecendo que a magnificência e a prosperidade da Maurília metrópole, se comparada com a velha Maurília provinciana, não restituem uma certa graça perdida, a qual, todavia, só agora pode ser apreciada através dos velhos cartões-postais, enquanto antes, em presença da Maurília provinciana, não se via absolutamente nada de gracioso, e ver-se-ia ainda menos hoje em dia, se Maurília tivesse permanecido como antes, e que, de qualquer modo, a metrópole tem este atrativo adicional - que mediante o que se tornou pode-se recordar com saudades daquilo que foi.
Evitem dizer que algumas vezes cidades diferentes sucedem-se no mesmo solo e com o mesmo nome, nascem e morrem sem se conhecer, incomunicáveis entre si. Às vezes, os nomes dos habitantes permanecem iguais, e o sotaque das vozes, e até mesmo os traços dos rostos; mas os deuses que vivem com os nomes e nos solos foram embora sem avisar e em seus lugares acomodaram-se deuses estranhos. É inútil querer saber se estes são melhores do que os antigos, dado que não existem nenhuma relação entre eles, da mesma forma que os velhos cartões-postais não representam a Maurília do passado mas uma outra cidade que por acaso também chamava Maurília."
Italo Calvino

domingo, dezembro 06, 2009

Nada para se fazer é sempre algo para se fazer

Mesmo que seja dar um passeio pela USP à luz da Lua; colher um lírio de dentro do carro, coitadinho; chegar no monumento em frente ao Ipen, olhar para cima, para aquele céu cheio de nuvens revoltas, e contrastar as colunas enormes com o céu cinzentazul; confundir o sexo das esculturas; parar o carro para o morcego pousado no meio da pista; descobrir que o morcego é uma coruja, e estacionar para admirar esse animal tão pequenino e curioso; correr em meio aos lírios para (es)colher o mais bonito; desejar poder tirar fotos de todas essas coisas, e não poder porque é noite e o celular não consegue compensar a luz; fazer a promessa um novo passeio com uma câmera de verdade; deitar e observar um céu estrelado se apagar; não perder nenhum segundo desta saga incrível; pôr um anjo para dormir e niná-lo até o sono bater; sair de fininho para não acordá-lo.

Sempre tem algo pra se fazer.
But when it's after 2am, just go to sleep.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Um céu cheio de estrelas

Outra noite inteira conversando, sob o céu estrelado do meu quarto.
Um filme, "American beauty", sempre incrível de se ver.
Carinhos e abraços; ao final, um beijo.
Então risos e sorrisos.
Estou feliz e ela também.

De volta ao céu de estrelas, um cochilo abraçados antes de nos separarmos.
Foi tão gostoso que acho que viciei.
Uma quinta cheia de saudades e devaneios.

Quando nos (re)encontramos?